1. |
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Caos e Ordem tiveram filhos
Um filho mais velho
E uma filha mais nova
O neto, de um incesto nasceu
Filho dos filhos
Filho de crianças
Batizado em oceano de dúvida
Ungido pela sabedoria de línguas mortas
Abençoado pelo dom do esquecimento
Caos e Ordem se travestem de família
Para seduzir mentes carentes
Que presas em espirais de verbos,
Se arranham pelo mal do afeto
Nós,
Cegos tentando enxergar no escuro
Surdos tentando ouvir no vácuo
Mãos e pés sem tatos
Línguas sem paladar
Que só servem para chupar
O viço que escorre de cada orifício
Nu, deitado em areia fria
Cada estrela no céu um olho
Que espreita, julga e condena
Ela se deitou comigo
Me sufocou e sussurrou:
"Engole, engole"
A mais honesta das tentativas é lembrar".
No mais alto cume interno
Mora um olho que enxerga
Quando dois se fecham
Ele estava dormindo
Sonhando sozinho
Em um deserto
De significantes esquecidos
E símbolos nunca vistos
"Não há nada estático na natureza
A mudança vem
O tempo só corre
Aceitem, como se aceita o sonho que não é controlado".
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2. |
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Olhos em cantos escuros
Vozes sem sons
Mentes dentro de mentes
Contos do inconsciente
Corpos transparentes
Mortos-vivos todos cientes
Sonhos dos falecidos parentes
Vulto que não é sombra, mas,
Um irmão que se foi,
Que só quer ser notado
Um pedido de ajuda?
Uma súplica por ajuda!
Falas que percorrem a casa
A voz do avô falecido
Que agora é o neto vivo
A vida do oculto
É a luz que não cega
E o escuro que se enxerga
A sincronia cristalina
Do passado e presente
"O culto é oculto
Oculto é o culto
O Oculto é oculto."
A história se repete
Vidas se repetem
Os medos são os mesmos
Da sombra e da luz.
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3. |
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Em minhas orações
Eu peço que o ar valha mais
Do que quem o respira
Eu oro mesmo sabendo que
Ninguém vai atender
Quem vai entender?
Nem tudo que está vivo
Merece a chance de viver
Seja ideia, sentimento
Ou pessoa por vir a ser.
Que se aceite o fim das coisas
Que se aceite o fim das cores
Que se engane com os atores
Que se abrace a ilusão
Que valias desmanchem em queda
Como numa história que se ouve
E se perde em seus caminhos
Todo início oferece um fim
Nada realmente teve um começo, né?
Aos inimigos a pior morte
Como água bebida que é fogo em entranhas
Como mãe amada que amamenta veneno
Que todos nasçam através de navalhas.
Nem tudo que está morto mereceu ter vivido
Nem tudo o que foi mereceu ter o sido
Nem tudo que está vivo merece viver.
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4. |
A Hora da Morte
21:00
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Deus quer morrer
Chegou a hora de Deus morrer
Juntem-se, um banquete será servido
Pão e vinho à vontade
Para inimigos e amigos
A hora mais bela
A Hora da Morte
Deus quer morrer
Mas, não irá.
Ira de Deus
Se pudesse morrer
Morreria de inveja dos homens
Porque eles podem morrer
Eles vão
Ele não
Malditos são aqueles que o criaram
Porque Deus nunca quis nascer
Benditos são aqueles que tentam matá-lo
Porque Deus quer morrer.
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